terça-feira, 17 de março de 2015

Corações em Conflito (Mammoth) Lukas Moodysson



O diretor sueco dos ótimos filmes Amigas de Colégio e Bem-vindos, fez também um filme mais pretensioso, tanto pela temática quanto pela produção: Corações em Conflito.

O filme tenta mostrar situações interligadas envolvendo diferentes classes sociais, culturas, países, conflitos... (inclusive mostra cenários nos EUA e nas Filipinas, trabalha com atores orientais, latinos, como Gael G. Bernal e americanos, como Michelle Williams).

Numa estrutura e temática semelhante a Babel, de Alejandro G. Iñarritú, Corações em Conflito mostra um casal de classe média norte-americano que tentam dar um novo passo em suas vidas: recém mudados para Nova Iorque, a mulher tenta se adaptar à vida médica em um plantão noturno e conciliar com a vida doméstica. 

Para isso precisa contar com a ajuda de uma babá que, como grande parte dos prestadores de serviços desse tipo nos EUA, é uma imigrante das Filipinas.

Essa imigrante deixa de estar presente ao lado de seus filhos com o sonho de juntar dinheiro e poder voltar e proporcionar a eles uma vida melhor.

Em paralelo o marido começa a se dar bem com sua empresa de videogame e vai fazer negócios no oriente. Como é contado no filme, o homem era um nerd que gostava de jogar mas se deu bem planejando jogos e ao lado de um parceiro-sócio tem chance de ganhar muito dinheiro com sua empresa.

Histórias simples e contadas de maneira corriqueira e intimista, entretanto faltam objetivos aos personagens. Eles vão se deparando com conflitos do dia-a-dia e se tornam vítimas de algo maior, destinos trágicos dado pela globalização, desigualdade, caos mundial...

Temas muito amplos que acabam chegando de maneira um pouco generalizada e menos íntima como poderiam.

A mulher vai vivendo a crise de estar sendo substituída pela babá: a filha começa a aprender a língua filipina e prefere estar com a babá do que com ela.

O homem se vê esperando o negócio ficar mais lucrativo mas sem dar importância ao dinheiro. Ao contrário, se sente mal em situações de exploração do terceiro mundo. Tenta intervir (e salvar) uma menina da prostituição, mas de maneira extremamente ingênua e acaba num misto de vítima e vilão.

A mulher também vive a crise de se envolver com o caso de pacientes.

A babá sofre pela distância dos filhos, que tentando aproximá-la também chegam a situações trágicas e irremediáveis.

Corações em conflito e um mundo que parece sem solução. Os personagens não parecem ter autonomia sobre suas vidas e parecem vítimas do destino e assim se enfraquecem. 

E assim um filme de tanto potencial chega morno.

Bem diferente de suas outras experiências, mais intimistas, precisas, concisas e muito mais fortes, intensas e potentes, mas válido pela reflexão.