terça-feira, 18 de março de 2014

Gravidade (Gravity) - Alfonso Cuarón


O diretor mexicano Alfonso Cuarón que começou a ser conhecido por seu ótimo filme E sua mãe também, logo abriu mão de universos mais intimistas para buscar grandes dramas e ficções científicas, bem ao gosto do cinema norte-americano.


O mais recente, Gravidade, foi um dos filmes mais premiados no Oscar em 2014. 


Cheio de efeitos e com aspectos técnicos impecáveis (como o som - bastante premiado) conquistou o público e certa crítica.

O filme pode arrebatar no som e no visual, mas não parece trazer quase nada além disso. 

A trama da mulher que se vê sozinha no espaço e que tem que lutar para sobreviver é cheia de clichês, moralismos e muita breguice.

Ryan, a tripulante é uma mulher sem ânimo para seguir sua vida, por isso quando se vê "sozinha" no espaço passa por questionamentos que a motivem (na verdade imagina diálogos com o tripulante Kowalski para se dar essas respostas - discursos rasos, melodramáticos e repetitivos).


Terá Cuarón visto a obra-prima A liberdade é azul, de Krzysztof Kieslowski que trata do mesmo conflito?



Ao que parece Cuarón só queria mesmo pretextos para os exercícios estéticos.

A escolha de elenco é fraca, Sandra Bullock como protagonista não deixa margem pra dúvida (a atriz não tem carisma, expressão e nenhuma variação).

George Clooney que muitas vezes conquista e funciona com seu charme (como em seu filme Tudo pelo poder, já comentado aqui), aqui fica apenas canastra e acaba soando falso. Também porque a direção de atores não ajuda.

O roteiro também não nos dá nada além de oportunidade para efeitos. Os suspenses e ações são repetitivos, não há tempo de relaxamento e crescentes para causar mais impactos:

Logo no início vemos Ryan tentando aprender a pilotar duas espaçonaves em cenas praticamente em sequência, tendo as mesmas dificuldades e passando apuros semelhantes, o mesmo acontece com sua falta de oxigênio.

O filme entra então em um buraco negro, um vazio espacial que para quem não é fã de filmes de entretenimento podem parecer filmes 3D de parques de diversão.

Para os interessados pela ciência também não há muito espaço, pois os diversos furos do filme (questionados por físicos, engenheiros, astronautas etc) deixam a desejar.

E mesmo nas imagens espetaculares, a falta de construções narrativas mais fortes acabam desanimando. 

O final com a terrível metáfora visual de Ryan reaprendendo a caminhar, voltando a andar com suas próprias pernas é de uma pobreza lamentável (isso depois de ter cortado seu cordão umbilical com a nave mãe).

Não há nem como torcer para que Cuarón retome seu rumo no espaço, afinal, as estrelas da academia ele atingiu...

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