quarta-feira, 12 de junho de 2013

Faroeste Caboclo - René Sampaio



René Sampaio fez sua estréia em longa-metragem assumindo o desafio de adaptar uma das músicas mais conhecidas da Legião Urbana para o cinema: Faroeste Caboclo.

A música de fato traz diversos elementos para um roteiro: a saga de uma vida inteira do personagem João de Santo Cristo, vivido por Fabrício Boliveira.

Mas como tem também alguns pontos em aberto e diversas passagens confusas, pede algumas adaptações e preenchimentos.

René e seu time de roteiristas (Victor Atherino, Marcos Bernstein e José Carvalho) começaram adotando o plot principal como o romance da história - ótima escolha. Mas sem abrir mão de questões familiares, políticas e sociais.

Entretanto nesta soma de tantas questões algumas ficam um pouco perdidas e desconectadas. E o excesso tira a força das principais.

O menino que se revolta com as injustiças que vê em sua infância para de se indignar e buscar vingança e os próximos crimes que vem a cometer são por conta das companhias.

E pela tentativa de se aproximar e agradar seu amor, Maria Lúcia, vivida por Isis Valverde


Assim, aquilo que viveu na infância parece não refletir em seu presente e acaba um pouco gratuito.

E isso se dá também na construção de alguns detalhes, que dão um ar gracioso na canção e nem sempre funciona aqui.

De maneira geral o filme constrói uma boa narrativa, com pegada popular, personagens carismáticos, bom elenco, lindas locações (e bem representativas da região), boa fotografia e ritmo, mas que poderia ser mais contido no roteiro e fluir mais e de maneira mais envolvente ainda.

Mas iniciativas como essa são muito bem-vindas e deveriam ser mais constantes no cinema nacional: saber identificar ícones culturais nacionais e recriá-los é algo que o cinema americano, por exemplo, faz exemplarmente e é um dos segredos de seu sucesso (inclusive de exportação de culturas - como o baseball, entre tantas).

Retrabalhar nossa própria música, nossa juventude e nossas histórias é um grande mérito e René merece o crédito!





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