segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Paris Texas - Wim Wenders


Sim, Wim Wenders é gênio, já é sabido.
Conseguir ser tão profundo, filosófico, criar imagens tão fortes e belas... É para poucos...


E poder seguir tão atual e presente mesmo passados 27 anos...

Revi Paris Texas esses dias e me encantei! Segue denso, instigante, belo...
Suas personagens silenciosas, estranhas, desencontradas, apresentadas por pequenas pistas, pequenos gestos, informações esparsas...


Quem será esse irmão, esse homem que está perdido no deserto e que não fala?



O que terá se passado com esse pai que ama seu filho pequeno mas o abandonou?



Como uma família registrada em super 8 como exemplo de felicidade se dissipou?

Quem é e por onde anda a progenitora?


As respostas vem todas mais ou menos de uma vez, em um diálogo final. Mas uma estrutura que parece pobre e simplória é uma obra prima.

Até ali já tivemos tempo para preencher os diversos silêncios, já pudemos desvendar gestos, imaginar lacunas... Já temos essas personagens íntimas a nós. 

E mais ainda por tudo que tivemos que dar de nós a elas... Tantas dúvidas por mais de uma hora (as conclusões vem só nos minutos finais) nos dá tempo para nossas próprias especulações, projeções...


Toda aridez do filme nos faz buscar sentimentos íntimos para emprestarmos a elas... 

E essas personagens que em algum momento nos parecem desumanas por seus atos, são mostradas com tanta atenção, tanto carinho (pois há uma doçura nos tantos silêncios, oásis no deserto), que nos cativamos com todas as estranhezas... Ali já torcemos por tudo que é torto nas personagens...



Porque ali se sente amor.



(admirável precisão de roteiro, diálogos, interpretações, cenários, fotografia... Trilha!)

E o discurso final não nos decepciona. Longe de ter os encaixes de finais felizes de filmes clássicos.

Mas preciso ao nos provar o amor, ao provar os encontros e desencontros possíveis em uma vida, ao provar a extensão dos sentimentos e como Paris pode chegar até o Texas...

Embarco no mundo de Win Wenders... Próxima parada prevista: Berlim, através de suas asas... Rever, rever, rever...

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