segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Belle Toujours - Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira é alguém pra se invejar, afinal quem que chega aos 102 anos dirigindo cinema em plena forma? Confesso que realmente fiquei impactada ao vê-lo pessoalmente há três anos andando perfeitamente, escutando, falando e com filmes tão lúcidos e profundos.

Como Filme Falado, que embora tenha uma linguagem estável e que talvez possa ser vista como antiquada, mas com uma profundidade e competência pra tratar de temas tão contemporâneos como contrastes de culturas e terrorismo... Sem falar no saudosismo de alguns do passado, como seu primeiro, o singelo Aniki Bobó!

Então esses dias vendo seu nome na cartelera, fui ver Belle Toujours... Curiosamente eu já havia visto na Mostra de SP, mas com o título traduzido Sempre Bela, não me dei conta e acabei revendo! O que também foi muito interessante! 

Confesso que o filme não me agradou tanto, pois tem uma rigidez na direção que não me deixou envolver: não pelos planos fixos e falta de ações - características com as quais não tenho quaisquer problemas - mas pelos diálogos teatrais, artificiais, onde as pessoas soltam pérolas repentinas, não respondem ao que se pergunta, se chocam com coisas banais, lidam com naturalidade com coisas exóticas... Enfim...

O que fica pra mim como qualidade e estímulo é o que se deve à homenagem ao excelente Belle de Jour de Buñuel, a proposta de Manoel de seguir a trajetórias de personagens que seguem dentro de nós ecoando por tantos anos e colocá-los assim em um filme: ecoados, vivendo e revivendo sua história em Belle de Jour... O que pode parecer banal aqui vem com criatividade e faz ecoar o desejo de ver e rever o clássico...


E imagino que assim esse filme cumpra seu principal papel! Clássicos homenageando clássicos! Pequeninos que somos nós!

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