sábado, 8 de maio de 2010

O cinema poético e comprometido de Ghobadi

Comecei a descobrir o cinema iraniano com certo "boom" que houve em São Paulo no final dos anos 90...
Filmes singelos e delicados que buscavam mostrar a poesia do cotidiano como "Balão Branco", "A Maçã",  "O Silêncio". 

Mas alguns filmes saiam dessa simplicidade... Fosse Kiarostami em seu tão profundo "Gosto de Cereja" ou Ghobadi que já em seu primeiro longa trouxe uma história também cheia de um cotidiano e realidade, mas com muito mais peso e drama... 



Na verdade, com mais tragédia, já que em "Tempo de Embebedar Cavalos" vemos a vida de uma família extremamente pobre e sem muitas perspectivas, onde uma das crianças tem uma doença grave e eles tentam buscar alternativas... Reviravoltas, tristezas, tentativas esperanças...





Não muito diferente de seu filme seguinte: "Tartarugas Podem Voar", que para mim é um dos filmes mais tristes que já vi...


Numa comunidade curda no Iraque, quase só há crianças entre os sobreviventes, e elas tentam seguir a vida em meio a toda sua fragilidade, suas feridas, sua responsabilidade antecipada, sua vontade de brincar, de acreditar, de ter esperança e tentar construir...


Parecem mesmo refugiados, num tempo e espaço esquecidos, para o qual o mundo se permite não dar atenção, deixar de lado, jogar regras de um jogo sujo...

E Ghobadi em uma ficção bem realista nos aproxima de uma história onde tartarugas podem voar, em explosões, sonhos ou imaginação... Vale a pena!

Por isso minha grande curiosidade com o último filme de Ghobadi: "Ninguém sabe nada sobre os Gatos Persas"... Outra chave, outro ritmo, outro ponto de vista...


Baseado em fatos reais e também jogando com um olhar documental, aqui traz um universo de cidade grande, Teerã... Onde um grupo de jovens músicos tenta espaço para produzir e divulgar sua música...

Personagens carismáticos, história simples e envolvente! Indie movie iraniano. Sempre rico conhecer outro universo, ainda mais porque tão distante do nosso latinoamericano... Mas dessa vez algo sobra... Ghobadi se divide entre contar a história da banda, de seu entorno e fazer um pequeno panorama do cenário musical iraniano e aí que se torna cansativo, porque vira quase uma série de videoclipes que nos distraem um pouco da história e não tem a mesma força que o intimismo com os personagens...

De qualquer maneira segue contundente, envolvente, cheio de dramas, melodias e pulsações...

Vale a pena descobrir mais sobre os Gatos Persas...



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